sexta-feira, 12 de setembro de 2014

POSIÇÃO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES RELATIVA AO PROGRAMA POSEI 2014-2020


Senhora Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo,
Senhora e Senhores Membros do Governo

Ninguém hoje tem dúvidas da importância central que a agricultura e a pecuária têm para a nossa Região.
Desde 1996 que o PS considerou e setor agrícola como estratégico e desenvolveu os necessários mecanismos de modernização e de aumento das produções, que é hoje visível e reconhecido em todos os fóruns e por toda a sociedade.
Os resultados conseguidos nos últimos anos, revelam o bom aproveitamento de todos os apoios e incentivos que o GRA dirigiu para este setor e que resultou entre outros:
- num aumento de mais de 48% na produção de leite, com a consequente modernização da industrias de lacticínios;
- no aumento superior a 125% no abate de bovinos nos açores, promovido pela criação da rede regional de abate;
- no aumento de mais de 102% nas áreas dedicadas à diversificação agrícola.
Ou seja, nas produções animais, leite e carne, crescemos no nosso potencial de produção e qualidade tendo como destino a exportação e crescemos na produção de hortícolas, frutícolas e florícolas, reduzindo importações e melhorando o abastecimento de produtos frescos nos mercados locais, havendo já produtos que atingem também mercados exteriores à região.
Aliás, com os investimentos realizados, vamos continuar a crescer nestas áreas, também incentivados pelo apoio ao transporte destes produtos entre ilhas e destas para mercados exteriores, potenciado pela organização das produções e concentração das mesmas.
De facto, pela dinâmica social e empresarial que representa;
Pela integração de jovens que assegura;
Pelo que contribui para a estabilidade social e económica;
Pela criação de riqueza que as nossas produções trazem, através da exportação e redução de importações;
Pelo impacto na nossa paisagem, no ambiente, na manutenção de atividades no espaço rural;
Pelo emprego cada vez mais qualificado que promove;
Pelos desafios imediatos com que estamos todos confrontados, desde logo o desmantelamento do sistema de quotas leiteiras e o estabelecimento de acordos bilaterais com países terceiros;
Por tudo isto, por essa importância transversal a toda a sociedade açoriana, a nossa preocupação fundamental tem de ser dirigida para garantirmos, no futuro, tal como no passado recente, as principais fontes de financiamento da nossa agricultura.
Dai a importância que se revestem programas como o PRORURAL e no caso hoje aqui presente, o POSEI, cuja posição da assembleia, trabalhada e aprovada em comissão de economia por unanimidade, devendo, em nome da bancada do PS, congratular a forma como decorreram os trabalhos e a participação e colaboração de todos os partidos, que levaram a um documento e a uma posição que reflete a posição desta assembleia.
O PS congratula-se ainda por verificar que a posição unanime desta assembleia, votada na comissão da economia, se junta a outras posições, nomeadamente das estruturas representativas dos agricultores, que trabalharam também com o governo dos açores na procura das melhores soluções.
O POSEI é um mecanismo que se revestiu de enorme importância no apoio às produções locais dos últimos anos, sendo, do nosso ponto de vista fundamental para o presente e para o futuro da nossa agricultura, pelo estabelecimento de medidas específicas no domínio agrícola a favor das regiões ultraperiféricas, que visam compensar a situação excecional das RUP, referidas no artigo 349.º do tratado sobre o financiamento da União Europeia.
O apoio às RUP, atualmente previsto pelo Regulamento (EU) n.º 228/2013, prevê no sub programa para a RAA, três pilares fundamentais: o estabelecimento do regime extensivo da produção pecuária; a criação de um novo impulso no setor das culturas agrícolas; e, a redução dos custos de produção.
A estratégia pretende contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura de qualidade, sustentável e de longo prazo, o que associado às nossas vulnerabilidades permanentes, como a dispersão, a reduzida dimensão, o afastamento aos mercados uma economia aberta ao exterior, terá de implicar que, a esses objetivos, se juntem os meios necessários para que os mesmos possam ser atingidos, numa política de solidariedade entre países e entre regiões da Europa, evitando-se uma europa a duas e mesmo a três velocidades, tendo de haver coerência entre o discurso e a prática.
Tendo o Governo dos Açores e a Região alcançado uma importante vitória ao conseguir manter o envelope financeiro do POSEI, quando comparado à diminuição global do envelope financeiro para a agricultura na EU, devemos todos, continuar a reivindicar um reforço futuro do envelope do POSEI Açores, atendendo aos impactos do desmantelamento do sistema de quotas leiteiras e a eventuais acordos bilaterais, devendo-se exigir o desenvolvimento dos estudos de impacto que essas politicas podem ter para as RUP, conforme compromisso assumido pela Comissão.
Para uma melhor aplicação dos fundos disponíveis, devemos reivindicar a máxima flexibilidade do POSEI, dando à Região a prerrogativa de o utilizar da forma mais adequada às nossas especificidades em cada momento.
Devemos sempre reivindicar que as ajudas do POSEI vão para quem de facto produz, para o incentivo às produções locais, continuando estas ligadas.
Devemos também defender e exigir, o direito à produção, na procura permanente da melhoria da qualidade de vida dos agricultores e dos açorianos em geral.
Muito embora saibamos os desafios com que estamos confrontados e as dificuldades que nos aguardam, o PS tem a certeza e a confiança que no presente e futuro, tal como no passado, com o empenho de todos, com o trabalho dos nossos agricultores, o setor agro-pecuário regional continuará a evoluir e a constituir-se como um dos principais pilares do nosso desenvolvimento, podendo o setor contar sempre com o empenho do PS na defesa intransigente dos interesses da Região em matéria de agricultura
Para o PS e para esta bancada, a agricultura continuará a ser uma prioridade e um setor estratégico para o nosso desenvolvimento.

Sala das sessões, 11 de Setembro de 2014
O Deputado Regional

Duarte Moreira

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ESCLARECIMENTO

Posição do PSD/Açores sobre a agricultura em Santa Maria revela impreparação e desconhecimento

Na sequência das declarações do deputado social-democrata Paulo Parece acerca do desenvolvimento da agricultura mariense, entendem os deputados socialistas de Santa Maria esclarecer o seguinte:

- É uma realidade que o escoamento, via marítima, de produtos provenientes da ilha de Santa Maria tem apresentado algumas dificuldades, gerando algum descontentamento junto dos produtores locais e cuja situação foi já exposta ao operador que atualmente escala Santa Maria;

- No que concerne ao apoio técnico aos produtores, o deputado do PSD revelou total desconhecimento. No caso concreto dos produtores de meloa, a Direção de Serviços de Agricultura e Pecuária, o Serviço de Desenvolvimento Agrário, o Laboratório Regional de Proteção das Culturas e até mesmo a associação agrícola local, têm intensificado, nos últimos anos, apoio técnico, disponibilizando e fazendo deslocar técnicos a Santa Maria, para acompanhamento, realização de análises e emissão de relatórios com aconselhamento técnico

- No que à produção de meloa diz respeito, os problemas dos últimos três anos devem-se, essencialmente, à saída do mercado de determinadas substâncias fitofarmacêuticas por imposição da União Europeia e por condições climatéricas que potenciaram o aparecimento do oídio e de outros fungos frequentes nas plantas hortícolas;

- É totalmente falsa a afirmação de que faltam estudos prospetivos de mercado, uma vez que este trabalho tem vindo a ser efetuado pelas organizações de produtores locais, com o apoio financeiro do Governo dos Açores, resultando num relatório fundamentado de todo o mercado nacional e regional para a Meloa de Santa Maria, não havendo qualquer problema com a comercialização desse produto;

- Por último, o deputado do PSD revela mais uma vez desconhecimento técnico, quando afirma que é a “constituição do solo e a baixa altitude de muitos terrenos, que com a variabilidade climática prejudica as produções de forma inesperada”, já que são precisamente esses fatores – constituição do solo e a baixa altitude – que proporcionam as potencialidades para o cultivo da Meloa de Santa Maria e para a sua diferenciação e qualidade.
           
Espera-se mais de um partido que detém as responsabilidades do PSD/Açores.


Vila do Porto, 29 de Agosto de 2014-08-29


Os Deputados do PS

Duarte Moreira
Bárbara Chaves