terça-feira, 12 de junho de 2012

Parque Natural de Santa Maria - Intervenção da Deputada Bárbara Chaves


Apresentação do Projecto de Decreto Legislativo Regional

Alteração do Decreto Legislativo Regional 47/2008/A, de 7 de Novembro relativo à criação do Parque Natural da Ilha de Santa Maria


Senhor Presidente da Assembleia
Senhoras e Senhores Deputados
Senhor Presidente do Governo
Senhoras e Senhores Membros do Governo

A Política Ambiental tem por objetivo otimizar e garantir a continuidade de utilização dos recursos naturais, qualitativa e quantitativamente, como pressuposto básico de um desenvolvimento sustentável.
Nos Açores, esses pressupostos foram plasmados no DLR 15/2007/A, de 25 de junho, aprovado nesta Casa, assumindo como objetivo associado a uma correta política ambiental, a conservação da natureza, o equilíbrio biológico e a estabilidade geológica e dos habitats através da compartimentação e diversificação das paisagens, da constituição de áreas protegidas, corredores ecológicos e espaços verdes urbanos e suburbanos, de forma a manter a preservação do ambiente.
A concretização pratica desta política é a criação e implementação dos Parques Naturais, já existentes em todas as ilhas dos Açores, bem como a criação do Parque Marinho dos Açores, também ele já criado e aprovado nesta Assembleia Regional.
O projeto de alteração que o GPPS apresentou nesta Casa e que estamos aqui a discutir visa alterar o quadro legal aplicado ao Parque Natural da Ilha de Santa Maria, decorridos que estão cerca de 3 anos após a sua criação.
É, para o Partido Socialista, uma proposta importante para a ilha de Santa Maria, já que contempla aspetos que o diploma inicial não contemplou.
Isto porque, no ambiente, tudo é dinâmico, nada é estático! Há a necessidade constante de adaptação e há que ter a noção que essas alterações são importantes para a manutenção e preservação dos ecossistemas.
Uma das propostas de alteração apresentadas por este Grupo Parlamentar é o estabelecimento de normas e regras que pretendem conciliar a utilização das jazidas fósseis existentes na ilha de Santa Maria e das ações aí exercidas, promovendo a proteção desse património único que a natureza nos oferece e que temos e queremos preservar.
Relembre-se que as questões associadas à preservação das jazidas fósseis foi alvo de uma petição pública, em que muitos marienses e amigos de Santa Maria alertavam para os excessos que, em seu entender, eram exercidos nas jazidas fosseis da ilha, em especial da pedra-que-pica.
Ora, o que o Partido Socialista aqui propõe nessa matéria é que se passe a conhecer, de um modo sistemático, as ações exercidas nessas jazidas fossilíferas marienses, quer sejam por parte de grupos organizados particularmente, quer pela comunidade científica.
Note-se que Santa Maria é a única ilha dos Açores onde se conhecem jazidas fósseis com sedimentos marinhos fossilíferos, intercalados com rochas vulcânicas, caracterizando-se pela sua riqueza e bom estado de conservação, pertencente maioritariamente ao Mio-Pliocénico, também existindo registos do Plistocénico.
Há que continuar a visitar esses locais, para fruição de todos, utilizando-os também como uma oferta turística única e com características peculiares.
No entanto, não é possível continuar a permitir-se que qualquer pessoa possa recolher fósseis e leva-los para fora da ilha sem que se tenha conhecimento desse facto. Por esse motivo, propomos, no diploma em análise, normas especificais que proíbem a recolha da amostra geológicas, biológicas e paleontológicas de um modo muito claro, embora consagrando exceções nomeadamente para a investigação cientifica.
Há que continuar a estudar as jazidas fosseis de Santa Maria
Somos a favor do desenvolvimento de estudos que promovam um cada vez melhor conhecimento de cada jazida fossilífera de Santa Maria.
No entanto, há que ter regras!
Regras claras e uniformizadas de utilização dessas zonas, de forma a que qualquer instituição que pretenda desenvolver estudos nessas áreas, conheça bem as normas que terá que respeitar para o fazer.
O Projeto prevê que todos os exemplares sejam considerados Património da Região Autónoma dos Açores, devendo ser o governo regional a decidir o destino a dar a esses exemplares. Este é um aspecto muito importante.  
Na proposta, pretende-se criar regras claras também ao nível das escavações nessas áreas, propondo que sejam sujeitas a autorização prévia por parte do governo regional, mediante a apresentação de um plano detalhado de ação, sendo que essa autorização se verificará apenas em casos excecionais.
São ainda determinados os registos a aplicar a cada exemplar e é previsto o modo de entrega dos mesmos à Região, mais concretamente ao Centro de Interpretação Ambiental Dalberto Pombo.  
Considera-se que as normas apresentadas permitem que todos possam continuar a usufruir das jazidas fosseis de Santa Maria, com regras uniformes e claras, que promovam a preservação do meio ambiente e potenciem um turismo científico e de natureza que queremos e temos trabalhado para implementar nos Açores e em Santa Maria.   
Outra questão importante que se apresenta no diploma é a integração de uma norma que permitirá ao governo regional promover a criação de apoios e incentivos para a recuperação dos quartéis de vinha de São Lourenço e Maia.
Como todos sabem, esses são zonas balneares de excelência da ilha de Santa Maria, que possuem na sua encosta uma escadaria de pedra, construída pelos nossos antepassados e que tem vindo a ser abandonada por parte dos proprietários, devido essencialmente aos custos da mao-de-obra para a manutenção das vinhas.
Apesar do Governo Regional dispor já de incentivos para a reconversão da vinha através do programa VITIS, há que conceber um novo enquadramento para as questões específicas dessas baias de Santa Maria, áreas de paisagem protegida, promovendo a manutenção da paisagem e potenciando a cultura da vinha.

Para além desses aspetos, destacar o facto de se propor uma alteração ao modo de gestão do Parque Natural da ilha de Santa Maria, uniformizando-o com os restantes diplomas que criam parques naturais em outras ilhas e aprovados nesta Assembleia na presente legislatura.

Senhor Presidente da Assembleia
Senhoras e Senhores Deputados
Senhor Presidente do Governo
Senhoras e Senhores Membros do Governo

Gostaria aqui de referir o facto de se propor alteração aos limites da Reserva Natural do Ilhéu da Vila, alargando-as para a zona marinha, de forma a permitir a proliferação da fauna marinha que abastecerá os bancos piscícolas das encostas de Santa Maria.
Esta proposta de alteração, decorre do desenvolvimento de um grupo de trabalho liderado pelos Deputados do Partido Socialista eleitos por Santa Maria e que envolveu entidades com atividade no meio marinho, como a Associação de Pescadores de Santa Maria, Clube Naval e Associação de Amigos do Mar de Santa Maria.
Todos juntos conseguimos contribuir para uma maior e mais profunda reflexão sobre as potencialidades do mar e do meio marinho, sobre as necessidades de limitação de pesca em determinadas áreas marinhas da ilha de Santa Maria, porque “O Mar vale todas as Batalhas”, tal como referiu o Presidente do Governo Regional há algumas semanas.
Considera o Grupo Parlamentar do Partido Socialista que a alteração proposta por nós vem de encontro às pretensões da sociedade mariense e aos interesses da preservação do património ambiental de Santa Maria, sem esquecer que as pessoas fazem parte do meio ambiente e que tem o direito de o fruir de um modo sustentável.

Disse.

Horta, Sala das Sessões, 12 de Junho de 2012

A Deputada Regional do PS/Açores
Bárbara Pereira Torres de Medeiros Chaves

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