segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DEZASSEIS ANOS QUE MUDARAM A AGRICULTURA DOS AÇORES – Uma Revolução Silenciosa!

Por Duarte Moreira (*)
Não querendo alongar-me muito na situação em que se encontrava a agricultura na década de 90, após 20 anos de governos do PSD, tenho que apelar á memória de todos os Açorianos e dos agricultores em particular, para que recordem as péssimas condições de trabalho que tinham na altura, para recordar os pagamentos em atraso, as fábricas falidas e sem condições, a vergonha que eram os matadouros e casas de matança da Região, a falta de apoio e de perspetivas que havia em todo o sector, um pouco por todas as ilhas.
Tendo sido considerado, desde o início, um sector prioritário, para o PS e para os governos da responsabilidade do PS, foi levado a efeito um trabalho notável a todos os níveis, numa revolução que alterou por completo o panorama do sector agropecuário dos Açores.
Ao contrário da demagogia fácil e barata, utilizada por alguns partidos, que obviamente não querem reconhecer aquilo que são factos concretos, observáveis e reconhecidos a nível Nacional e Comunitário, em que é reconhecido o bom exemplo dos investimentos e da correspondente evolução da nossa agricultura, fruto de uma estratégia de investimentos públicos e apoio aos investimentos privados, bem estruturados e implementados, em conjunto com o esforço e dedicação dos nossos agricultores.
O trabalho e os investimentos concretizados, como nas acessibilidades através de mais e melhores caminhos agrícolas, água e eletricidade, a instalação de uma rede de abate equipada com modernos matadouros, o apoio à modernização das industrias de lacticínios, a reestruturação do sector, através do aumento da área das explorações e rejuvenescimento do tecido empresarial agrícola, o investimento da modernização das explorações, com mais e melhores condições de vida e de trabalho, a aposta na formação profissional, a melhoria do estatuto sanitário dos nossos efetivos bovinos, entre muitos outros investimentos, alteraram, por completo, quer a quantidade quer a qualidade dos nossos produtos e aumentaram a diversificação, diferenciação e notoriedade dos mesmos.
Este trabalho teve consequências extremamente positivas nas nossas produções locais, aumentando a competitividade das nossas explorações e a qualidade dos nossos produtos, designadamente no leite e na carne dos Açores, sector em que se inverteu por completo a forma de comercialização, passando a abater-se a maioria do gado, em vez da tradicional expedição em vida, devendo, no meu entender, ser esta a estratégia a seguir, deixando nos Açores as mais-valias resultantes deste processo.
Sabemos os problemas e os desafios com que o sector agrícola está confrontado, desde logo, e à cabeça, o eventual desmantelamento do sistema de quotas leiteiras e as negociações do próximo quadro comunitário. Neste caso em concreto, sendo os Açores a Região do país com a melhor taxa de execução dos programas comunitários, dá-nos um capital de reivindicação importante para o futuro.
Também não se pode esquecer os efeitos negativos que as dificuldades de recurso ao crédito e a diminuição do consumo, fruto dos cortes do rendimento disponível das famílias, para além de limites aceitáveis, imposto pelo Governo da Republica, podem acarretar para o nosso principal sector exportador.
Mas ao contrário de outros, que prometem observatórios para regular o mercado dos produtos agrícolas e em particular o do leite, como se fosse possível a um organismo regional fazer regulação nos mercados de destinos dos nossos produtos, que hoje já ultrapassam as fronteiras do país, o PS tem levado à prática os investimentos que podem de facto ajudar os nossos produtores a ultrapassar os desafios e as dificuldades do presente e do futuro.
Esta revolução silenciosa criou os alicerces para uma nova fase de investimentos no sector agropecuário da região, que deverá continuar a passar por investir nas infraestruturas públicas e na modernização das explorações, mas que terá de dar agora um forte e novo impulso à diversificação da oferta, à diferenciação dos nossos produtos, na sua notoriedade, assente na qualidade intrínseca dos mesmos e criar mecanismos que aumentem a organização, a gestão e a capacidade de intervenção no mercado, por parte das organizações de produtores.
As produções locais, em especial as pequenas produções, terão muito a ganhar se houver organização na produção e uma estratégia comercial conjunta, que compreenda os mercados e que pela sua união, constituam um verdadeiro e forte parceiro na cadeia de valor das nossas fileiras. Conhecendo outras realidades, aproveitando o que de bom se faz lá por fora, a criação de organismos interprofissionais, em que tenham acento a produção, a transformação a distribuição e a investigação, pode constituir um forte impulso para uma mais justa distribuição das mais-valias e redução da crónica desvantagem negocial por parte da produção quando comparada com a força da distribuição.
Por fim, duas notas:
A recente inauguração da nova fábrica da UNILEITE, é uma excelente notícia e uma prova da confiança no futuro da fileira do leite, independentemente dos cenários internacionais do futuro. Está de parabéns a UNILEITE e os agricultores que apostam nesta estrutura.
A segunda nota é a propósito do despropósito, da recente polémica relativa ao apoio á exportação e ao abate de vitelos.
Estes apoios são conhecidos há muito tempo, fazem parte do programa POSEI, sendo o seu envelope financeiro conhecido e as suas regras claras, não havendo qualquer novidade no nível de apoios quer ao abate quer à expedição de vitelos, sendo no mínimo estranha a atual polémica.
As declarações da Dra. Maria do Céu Patrão Neves, Deputada ao Parlamento Europeu, relativamente à atuação do Senhor Secretário Regional da Agricultura, pessoa que muito tem contribuído para o salto ao nível da qualidade e diversificação dos nossos produtos e para os apoios ao rendimento dos agricultores, não só demonstram desconhecimento específico da legislação e da especificidade Regional, como são irresponsáveis, e só se compreendem face à proximidade das eleições de Outubro.  
Os homens e as mulheres desta Região, que se dedicam e vivem da agricultura, sabem e reconhecem o muito que tem sido feito no sector, sabem e lembram-se de como era noutros tempos, e não obstante as dificuldades por que passa a sociedade a que o sector agrícola não é imune, podem confiar na responsabilidade de quem tem dado provas, durante estes últimos 16 anos, de estar sempre ao seu lado. Assim continuará a ser!
(*) Deputado Regional PS

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